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sábado, 15 de dezembro de 2012

As Estações do Ano

Enfim compreendo que espero em vão..
Num Outono já frio, num banco de jardim, espero que apareças. As horas passam. O dia transforma-se em noite. O vento ergue-se para mostrar dominância. A vida do parque vai adormecendo lentamente. O aglomerado de pessoas diminui, acabando por deixar-me sozinho.
Embora sozinho, encontro-me com a vida adormecida do local. A temperatura diminui, o corpo fica trémulo apesar do coração continuar ardente.

Relembrando o passado, que não é muito distante do presente, surge na minha memória o instante em que as nossas vidas cruzaram...
Foi no Verão. Mas não um Verão qualquer. Foi um verão especialmente quente, sem chuva. Onde o Sol raiou com um brilho ofuscante. Em que o céu foi sempre azul e as nuvens incessantemente brancas.
Apesar do clima, o que mais recordo é a cidade. Nas veias de Lisboa circulou um trânsito monstruoso idêntico à adrenalina que percorria as minhas artérias. A cidade tinha mais vida que o normal. As pessoas pareciam mais energéticas e atarefadas como se a brisa do mar as inspirasse. Todavia, o centro da cidade estava impossível. Bombeava pessoas para todos os lados como um coração. Foi nesse Coração que falamos pela primeira vez. Apesar do calor já existente senti que a temperatura, tal como a tensão aumentaram.
Parece que uma troca de olhares pode ter efeitos extraordinários. Vivemos no mesmo mundo, no mesmo continente, no mesmo pais, na mesma cidade, no mesmo bairro, frequentamos a mesma escola e nunca trocámos um som. Aquele momento no coração da cidade, na multidão... É algo que nunca esquecerei.
O tempo passou, a nossa relação modificou-se, direi que "cresceu". Brotou como uma semente e floresceu no nosso amor.
Enfim, no curto espaço de tempo que tem a nossa relação passamos momentos inesquecíveis. Descrevo-os através das estações do ano. No principio era-mos uma Primavera em seguida tornamos-nos em Verão e por fim alcançamos o Outono.
Sempre pensei que transpuséssemos a estação em que as folhas caem e as plantas voltam à terra. Imaginei que o nosso fruto desse origem a uma árvore de folha persistente.

Revistas as lembranças, continuo à tua espera...
Subitamente o coração acelera. O corpo fica estanque. Oiço uma voz que enternece e descansa a consciência. Eras tu!
No final, tinha acertado. Sobrevivemos ao Outono. Apesar do frio e da chuva, o amor foi mais forte. Avançámos assim para um Inverno em que o frio não importou e a chuva não molhou.
Tenciono ficar contigo enquanto assim permitires. Não é uma despedida. É um recomeço.

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